segunda-feira, 18 de março de 2013

SUSTENTABILIDADE - CIDADE DE EXTREMA, NO SUL DE MINAS, GANHA PRÊMIO EM DUBAI.


Há seis anos, o projeto Conservador das Águas, uma iniciativa pioneira de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) implementada no município mineiro de Extrema pela prefeitura e parceiros, dava seus primeiros passos.
À época, a ideia de recompensar produtores rurais pela proteção e restauração de áreas de mananciais estratégicas para o abastecimento hídrico de grandes centros urbanos como a cidade de São Paulo causava estranhamento. Nada que o trabalho árduo e o comprometimento de Paulo Henrique Pereira, gestor ambiental do município não ajudasse a transformar.[...]

No último dia 6 de março, o Conservador das Águas se consagrou como uma iniciativa ambiental bem-sucedida ao receber o Prêmio Internacional de Dubai para Melhores Práticas para a melhoria das condições de vida nos assentamentos humanos, concedido pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) e pela prefeitura de Dubai, nos Emirados Árabes.
O projeto, agora reconhecido internacionalmente por sua contribuição para a conservação da água e do meio ambiente, já havia sido premiado pelo Programa CAIXA Melhores Práticas em Gestão Local, e vencido premiações como Bom Exemplo, da Fundação Dom Cabral e Globo Minas; Ouro Azul, de Furnas Eletrobrás, Greenbest, entre outros.
Em entrevista concedida à TNC logo após a premiação, que aconteceu em Dubai, Paulo Henrique Pereira falou sobre o que deu certo até aqui e sobre as expectativas para o futuro.
Prefeito de Extrema recebendo o Prêmio.
O que esse prêmio representa para o município de Extrema?
É muito gratificante para nós receber um prêmio dessa grandeza. Ser reconhecido pela ONU, entre 360 projetos de todo mundo é muito significativo para todas as pessoas que acreditaram e que se envolveram com a iniciativa. Os prêmios que a gente recebe hoje refletem o que a gente fez no passado: as parcerias que nós firmamos, o trabalho que a gente teve, o dia a dia ao longo dos últimos seis anos que estamos com o projeto no campo.
E o que te dá mais orgulho?
O mais gratificante é você ver o resultado. É ver a mata crescer nas áreas que nós restauramos, é ver os compromissos assumidos com e pelos agricultores mantidos ao longo desses seis anos, e ver as áreas do projeto se expandindo. Acho que é o que tem de melhor. O projeto está conseguindo se desenvolver. Foi muito bom o que já tivemos, mas as perspectivas são de muito mais. É isso que nos move.
Quais são os números do projeto hoje?
Nós estamos trabalhando numa área total de 7 mil hectares, quer dizer, se juntarmos as áreas de todas as propriedades que participam do projeto somamos 7 mil hectares. Desses, 1000 hectares estão cercados e em processo de restauração florestal. Nós assinamos até hoje 150 contratos com proprietários rurais, o que representa um repasse direto de R$ 1,5 milhão. É importante lembrar que além do Pagamento pelo Serviço Ambiental, todo o investimento na propriedade é custeado pelo projeto. Tanto a cerca, quanto o plantio, a manutenção, as práticas de conservação do solo, as práticas de saneamento... O recurso é disponibilizado pela prefeitura de Extrema e seus parceiros, como a Agência Nacional de Águas (ANA), o Comitê de Bacias PCJ, o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, a TNC, a SOS Mata Atlântica, e empresas privadas. Então há uma gama de parceiros que ajuda no financiamento disso tudo.
O que os proprietários rurais normalmente fazem com esse recurso?
Os pagamentos são bastante heterogêneos, porque você tem propriedades pequenas e propriedades maiores. Geralmente, os donos das terras maiores reinvestem na própria propriedade. Mas, a maioria deles, que são donos de pequenas propriedades, usa o recurso como um incremento de renda mesmo. Nesse caso, o pagamento é usado para as despesas da casa.
Qual é a meta para os próximos anos?
A nossa meta para 2030 é alcançar a marca de 40% de cobertura florestal nativa no município de Extrema. Hoje a gente está em torno de 20%. É um desafio, mas não vamos perder o ritmo. Vamos continuar cercando áreas, restaurando, estabelecendo parceiras. Para dobrar a área com cobertura vegetal nativa também vamos utilizar outros instrumentos. Vamos adquirir áreas, trabalhar com carbono, biodiversidade, enfim, trabalhar com outros serviços ambientais que são prestados nas propriedades rurais.
Como você avaliar o papel da TNC no processo?
O papel da TNC foi fundamental para o sucesso do projeto. Quando nós iniciamos as primeiras conversas, quando a gente começou o projeto, a gente foi aprendendo fazendo. Fomos construindo tudo isso. E a expertise na TNC foi fundamental. A TNC já vinha estudando a questão dos serviços ambientais no Brasil e no mundo há bastante tempo. E esse aval e o apoio tanto financeiro quanto técnico e na capacitação do nosso pessoal foi fundamental. Além disso, a TNC também trouxe parceiros muito importantes para nós.

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