quarta-feira, 24 de abril de 2013

MEIO AMBIENTE - APOIO TECNOLÓGICO GARANTE PRODUÇÃO AGRÍCOLA EM PLENA SECA.

Depois de três anos sem plantação, a comunidade do assentamento rural Antônio Conselheiro, localizada na zona rural de Barra, na Bahia, consegue produzir, apesar da pior seca dos últimos 50 anos na região do Semiárido brasileiro.[...]
Desde o ano passado, as famílias têm plantado mandioca, umbu, laranja, caju, milho, abóbora, banana, feijão, acerola e hortaliças com a ajuda de tecnologias implementadas pela Embrapa.
A experiência com o projeto de agricultura familiar em áreas irrigadas também tem beneficiado moradores do assentamento Santo Expedito, na Bahia.
Para receber a equipe responsável pelo projeto, a comunidade liderada pela camponesa Antônia Francisca Guedes, a Toinha de Igarité, preparou uma mesa farta. As 51 famílias esperavam reunidas para mostrar melancia, mandioca, mamão e milho - resultado do trabalho desenvolvido em conjunto com a empresa.
“Queremos levar essa experiência com a muvuca (seleção de várias culturas para plantação) para os quintais. Se cada família levar para o seu quintal, dá para viver sem sair para trabalhar fora. Essa semana já levamos a propaganda da banana para dois mercados”, disse Toinha. Além do consumo próprio, as famílias são orientadas a vender o excedente da produção para cooperativas e programas de aquisição de alimentos do governo federal.
De acordo com o pesquisador de sistemas de produção sustentável da Embrapa, Marcelo Romano, a produção do assentamento foi possível por meio do projeto de irrigação. A técnica específica para regiões onde a água é escassa, utiliza métodos pressurizados (aspersão, microaspersão, miniaspersão e gotejamento). A água usada pode ser captada pela chuva, com o uso de cisternas, mas em períodos de escassez pode ser proveniente da distribuição de carros-pipa.
“Com a pesquisa, são testadas variedades de alimentos para avaliar os que melhor se adaptem à região”, explica Romano.
Entre as soluções desenvolvidas e adaptadas às condições climáticas do Semiárido estão a produção de variedades de milho mais resistentes ao clima seco da região, técnicas de manejo adequado das culturas e sugestões de diversificação da produção com fruteiras resistentes à seca, agricultura com água biossalina ou salobra para produção de ração animal.
Segundo o analista de transferência de tecnologia da Embrapa, Ildos Parizotto, a metodologia de trabalho teve de ser adaptada à realidade das comunidades de agricultura familiar.
“Temos de usar ferramentas participativas, muito diálogo para estabelecer um clima de confiança entre o pesquisador e o agricultor. Cada grupo tem um tempo de aprendizagem para modificar a questão cultural que hoje é diferente de tudo que ele viveu. Ele esperava a chuva para plantar. Hoje ele quebrou esse paradigma para plantar. Com esse tipo de confiança estabelecida se consegue resgatar um pouco da autoestima, porque ele se vê dependente, marginalizado, excluído”, diz.

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